quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Viúvas de traficantes mortos recebem ‘pensão’ de até R$ 4 mil

Fogueteiros, vigias da endolação, contadores de carga, soldados ou gerentes. Não importa a hierarquia. Depois do traficante de drogas morto em confronto com a polícia, suas mulheres recebem uma pensão mensal que pode chegar a R$ 4 mil.

Viúva de um dos chefes da endolação da Pedra do Sapo, na favela da Grota, que fica no conglomerado de favelas do Alemão (Zona Norte do Rio), Maria Rosana Araújo conta que recebeu durante mais de 10 anos a quantia de R$ 1.500.

– A polícia matou o meu marido em 1995, quando ele era vigia da endolação. Depois disso, passei a receber o dinheiro para terminar de criar os seis filhos que ele deixou – conta a mulher. – Mas perdi a pensão quando me converti e casei com um pastor, com quem vivo até hoje. Sem o benefício, virei doméstica.

Enquanto na favela em que vive Maria Rosana, um novo casamento depois
da viuvez faz com que a mulher perca o benefício, na comunidade do Rebu, em Senador Camará (Zona Oeste do Rio), a pensão é vitalícia.

– O dinheiro não é para mulher de qualquer traficante. Viúvas daqueles de hierarquia menor não ganham nada. As mais bem pagas mesmo são as casadas com gerentes e de frente (homens que epresentam o líder do tráfico quando ele está preso) – detalha a jovem J. – Eu ganho R$3.500, porque meu marido tinha a posição de gerente quando foi assassinado. E é apenas a mulher ue for casada que recebe a mensalidade.


Para Adriana Belém, delegada titular da 28ª DP (Campinho), a previdência paralela revela a organização dos traficantes cariocas.

– Nos morros da Caixa D’Água, Fubá e favela do Barão, sob meu policiamento, não são todas as viúvas que recebem a pensão. Pode ser que isso varie de comunidade para comunidade – observa Belém. – Viúvas de olheiros, vapores e fogueteiros são sumariamente excluídas do enefício, porque são hierarquias mais baixas.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma semana após a invasão, cadê os chefões do tráfico de drogas do Alemão?

Uma semana após a invasão policial ao complexo de favelas do Alemão (Zona Norte do Rio), considerado o quartel general da facção criminosa Comando Vermelho, as polícias Civil, Militar e Federal, ainda não conseguiram capturar a cúpula de criminosos que integram o grupo.

Segundo a Polícia Civil do Rio, pelo menos 15 chefões do tráfico de drogas local estavam escondidos no conglomerado de favelas até a entrada da polícia. E, apesar de mais de 120 acusados de envolvimento com o tráfico de drogas terem sido presos, as principais lideranças do grupo ainda estão sendo procuradas.

Na última sexta-feira (22), o Ministério Público do Rio recebeu uma denúncia anônima de que Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, líder do tráfico de drogas da Mangueira, em São Cristóvão, Zona Norte, pode ter fugido do Alemão com um comparsa dentro de uma viatura da Polícia Civil.

Moradores do Complexo do Alemão, mais especificamente das localidades conhecidas como Pedra do Sapo e Fazendinha, dizem que a maior dificuldade da polícia em pôr as mão nos chefões tem sido por causa da junção de duas das três principais facções criminosas do estado (Amigos dos Amigos e Comando Vermelho).



Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, que controlaria a venda de drogas em todo o complexo; Mica, responsável pela venda de entorpecentes na Chatuba, e FB, da Vila Cruzeiro ainda não tem paradeiro conhecido pela polícia.


O pai do traficante Pezão, que não teve identidade divulgada pela polícia, foi liberado após prestar depoimento e pagar fiança na noite de sexta-feira (3), no Rio. As informações são da 38ª DP (Irajá), para onde ele foi levado. O teor do depoimento e o valor da fiança não foram divulgados.

O suspeito foi preso por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na tarde de sexta, na Favela da Grota, uma das comunidades do Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio. Segundo o comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, o pai do traficante foi preso por venda ilegal de botijões de gás dentro da favela.

Traficante Polegar teria fugido em viatura da Polícia Civil





O traficante Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, e um comparsa, identificado apenas como Ninho, teriam fugido do cerco ao Complexo do Alemão escondidos em uma viatura da Polícia Civil. Denúncias anônimas sobre o incidente foram encaminhadas ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil.

A suposta fuga teria acontecido na sexta-feira da semana passada, horas depois de a polícia e os Fuzileiros Navais terem invadido, na tarde de quinta-feira, a Vila Cruzeiro, na Penha, e um grupo de bandidos ter se escondido no Complexo do Alemão.




O denunciante passou às autoridades, inclusive, o número da placa da viatura, que é um gol preto descaracterizado, que teria sido usada para tirar os marginais da favela. No sistema da Secretaria estadual de Segurança, o carro consta como sendo da 126ª DP (Cabo Frio), delegacia que não participou das operações policiais.


De acordo com a denúncia, feita na última terça-feira, Polegar e Ninho teriam sido colocados no porta-malas do carro, onde estariam dois homens usando camisas da Polícia Civil. O denunciante conta ainda que a dupla teria sido levada para a Região dos Lagos. A informação anônima ganhou força, quando o MP confirmou que a placa do carro era de uma viatura da delegacia de Cabo Frio, que fica na mesma região para onde os traficantes teriam fugido.

- Demos prioridade a essa denúncia, pois ela trouxe elementos robustos. A informação do destino bate com a origem dessa viatura - comentou o ouvidor-geral do Ministério Público estadual, promotor Gianfilippo Pianezzola, que recebeu a denúncia e a encaminhou à 1 Central de Inquérito do órgão, setor do MP com atribuição para investigar esse caso.


Criado na Mangueira, o traficante Polegar tem três condenações e ficou preso de 2002 a 2009. Após cumprir um sexto da pena, ele passou para o regime semi-aberto, mas não voltou mais para a cadeia. Ao brigar com o irmão, o traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que seria o chefe do tráfico na Mangueira, Polegar deixou a comunidade e encontrou refúgio no morro pelo Complexo do Alemão. No Morro da Grota, inclusive, ele morava em uma mansão de três andares - com piscina e banheiro com hidromassagem -, encontrada pela polícia, no último domingo.




Na manhã deste sábado, a assessoria de comunicação da Polícia Civil afirmou, em nota, que a denúncia feita ao Ministério Público é falsa . Apesar disso, alega que vai continuar investigando a denúncia.

Por meio do telefone 127 ou do site do MP, a ouvidoria do órgão recebeu, até a manhã de sexta-feira, 42 denúncias referentes à ocupação policial no Alemão - 38 delas são relativas a fuga de traficantes.



sábado, 4 de dezembro de 2010

MP denuncia traficante Polegar, namorada e 'laranjas' no Rio


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro, denunciou nesta sexta-feira o traficante Alexander Mendes da Silva, vulgo Polegar, a namorada dele, Viviane Sampaio da Silva, outros três familiares dela e três "laranjas". Os oito réus responderão a ação penal na 2ª Vara Criminal de Santa Cruz pelos crimes de quadrilha e lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

A denúncia relata a forma como Polegar agiu, a partir de 2003, para ocultar da Justiça o lucro obtido por ele na condição de chefe do tráfico no Morro da Mangueira. Condenado a prisão por quatro Varas Criminais por crimes cometidos entre 1994 e 2002, o criminoso, atualmente foragido, registrou imovéis e veículos em nome de pessoas sem antecedentes criminais.
Além da namorada, participaram do esquema os pais dela (Genival Gerônimo da Silva e Antônia Maria Aragão Sampaio), o irmão Victor Sampaio Gerônimo, além dos "laranjas" Lúcia Maria de Sousa Melo, Elci Pontes Ferreira e Jorge Pontes Ferreira Júnior.

A ação revela "absoluta discrepância" entre a renda declarada ao Fisco e os bens dos réus. Em nome de Viviane, presa temporariamente em 27 de novembro, foram registrados um carro Audi A-3, ano 2004 e uma casa em Cabo Frio adquirida em 2003 pelo valor declarado de R$ 25 mil. Genival "emprestou" o nome para que Polegar registrasse um apartamento no Leblon comprado em 2006 pelo valor declarado de R$ 80 mil.

>> Confira o vídeo com a prisão de Viviane, dia 27 de novembro, na Barra da Tijuca:

Um veículo Gol Power, ano 2005, foi registrado em nome de Victor. Conforme a denúncia do GAECO, a família de Viviane morava em um apartamento na Barra da Tijuca adquirido em 2004 pelo valor declarado de R$ 230 mil e registrado no nome de Lúcia Maria. Em nome de Elci foi registrado um carro Nissan Frontier, ano 2006, usado por Viviane e apreendido em novembro no endereço da Barra. Já Jorge Pontes "emprestou" o nome para o registro de um Fiat Palio, ano 2007, usado pelo cunhado do traficante.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lagoa Rodrigo de Freitas se recupera com obra da prefeitura e da iniciativa privada






Depois de décadas de descaso, sujeira e mal cheiro, a Lagoa Rodrigo de Freitas (Zona Sul) parece, finalmente, ter entrado no caminho da despoluição Iniciadas em junho, as obras de dragagem da Rio-Águas com investimento de R$ 3,5 milhões contam com aporte financeiro da empresa EBX, de Eike Batista, e já dão nova cara para a lagoa tão querida da Zona Sul.


Ao todo, os investimentos para impedir a mortandade de peixes como a que aconteceu em fevereiro deste ano devem chegar a 28 milhões. (>>Veja vídeo da mortandade de peixes há oito meses)

Hoje, o plano de dragagem está sendo implantado em pontos de alto grau de assoreamento e prevê a dragagem de 95 mil m³. O trabalho será iniciado na altura do Clube Caiçaras (próximo ao Canal do Jardim de Alah), de onde devem ser retirados 14 mil m³ de sedimentos.

Depois, será a vez da dragagem do Canal do Piraquê, que envolve um volume de 21,5 mil m³; Parque dos Patins, com 3,3 mil m³; e Parque do Cantagalo, com previsão de 11,3 m³.

Além da Rio-Águas, são parceiros no Projeto Lagoa Limpa a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Comlurb, a Fundação Parques e Jardins e o Instituto Estadual do Meio Ambiente. O prazo previsto para o término da despoluição é de dez meses.





Biólogo quer limpeza em outras lagoas da cidade


Para o biólogo Mário Moscatelli, a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas deve vir acompanhada de projetos de limpeza também da Bacia de Jacarepaguá, formada por quatro lagoas, e da Baía de Guanabara.

>>Veja fotos que registram como o meio ambiente no Rio de Janeiro está abandonado
"Limpar só a Rodrigo de Freitas e mais fácil, porque é menor do que cada uma das lagoas da Barra e de Jacarepaguá e, menor ainda, que a Baía de Guanabara. Mas também temos que pensar em outras áreas da cidade, não só na Zona Sul".


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

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Obra vai , obra vem e a Grajaú - Jacarepaguá continua a mesma porcaria



A interdição da Grajaú-Jacarepaguá desde o dia 26 de julho para um banho de loja da Secretaria Municipal de Transportes, com direito a obras de obras de recapeamento, fresagem, sinalização e contenção de encostas não foi suficiente para melhorar a vida de quem precisa cruzar a via para trabalhar todos os dias.
Perto do fim, as obras não resolveram o principal problema da Avenida Menezes Cortes: o engarrafamento.
Na manhã de hoje, a odisséia de sair de Jacarepaguá e chegar ao Grajaú durou quase duas horas. O motivo? Ninguém sabe, ninguém viu.
Não tinha acidente, nenhum carro de oxigênio virou na pista e também não tinha tiroteio em nenhum morro da Menezes Cortes.
A Secretaria Municipal de Transportes ainda não deve ter descoberto o real problema da tão-conhecida Grajaú-Jacarepaguá.

sábado, 3 de julho de 2010

O elevador sobe, e o metrô para



Maria Luisa de Melo, Especial para o Jornal do Brasil

Uma queda no fornecimento de energia elétrica durante a manhã desta quarta-feira, em um trecho da Linha 1 do Metrô, deixou os trens das estações Cardeal Arco Verde, Botafogo e Flamengo paralisados das 9h30 às 9h42. A concessionária Metrô Rio informou apenas que houve “queda de energia nos trilhos”.

O problema pode ter sido provocado pela inauguração dos elevadores de acesso ao Morro do Cantagalo, em Ipanema, pois, segundo a Secretaria estadual de Transportes, a fonte de energia que alimenta ambas as estruturas é a mesma. O diretor de engenharia do Metrô, Bento José de Lima, no entanto, negou que os dois fatos tenham relação.

Para o presidente do Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro (Simerj), Rubens Foligno, só a Metrô Rio poderia explicar a causa do problema, que gerou insatisfação dos usuários e muita reclamação.

– A ligação dos elevadores pode ter feito a energia elétrica das três subestações (Cardeal Arco Verde, Botafogo e Flamengo) ser interrompida. Mas o problema também pode ter sido causado pelo descuido de algum operador, porque 12 minutos geralmente é o tempo que o sistema leva para ser restabelecido. Alguém pode ter desligado acidentalmente um disjuntor e o sistema levou um intervalo de 12 minutos para voltar ao normal. Só o Metrô Rio tem como apontar a causa da queda de energia.

Ao todo, cerca de três mil pessoas (o equivalente a dois trens cheios) podem ter sido prejudicadas pela queda de energia, já que o intervalo de 12 minutos equivale ao espaço de tempo em que duas composições embarcariam passageiros.

A concessionária informou que apesar do problema durante a manhã desta quarta-feira, nenhuma estação chegou a ser fechada. A Linha 2 (que faz o trajeto de Pavuna a Botafogo) não foi prejudicada.

sábado, 26 de junho de 2010

Bonde com 15 homens do CV matam três bandidos da ADA e um eletricista inocente


Colaboração de Malu Melo
Fotos de Pedro Pantoja



Uma guerra pela disputa de pontos de venda de drogas entre traficantes de facções criminosas rivais deixou quatro mortos na Favela Vila Candoza, no bairro Jóquei, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Um dos mortos seria um eletricista inocente que estava em um bar na Estrada do Coelho, principal via de acesso à favela, quando bandidos do Comando Vermelho (CV) chegaram no local e mataram traficantes da facção Amigos dos Amigos (ADA) com tiros de fuzil e explosão de granadas. No confronto, outros dois homens ficaram gravemente feridos.
Segundo informações de policiais do 7º BPM (São Gonçalo), nos últimos dois meses, outras tentativas de invasão já foram sido registradas naquele local.
Os bandidos invasores entraram na Vila Candoza por volta de 3h40, dentro de dois carros, passando por um morro cujo acesso é permitido pelo Complexo do Anaia e Vila Almerinda, através da Rua José da Silva.
Ainda segundo informações da PM, o bonde era composto por 15 homens fortemente armados, que ao adentrar a favela chegaram ao principal ponto de observação do tráfico de drogas, um pouco acima da boca de fumo, próximo a um bambuzal. Lá, o gerente do tráfico de drogas, conhecido como Dudu Cabeção, foi torturado e morto e um de seus homens de confiança, um olheiro identificado apenas como Cleiton também foi morto a tiros.
De acordo com moradores da localidade, a venda de drogas durante a noite e a madrugada foi feita, excepcionalmente, no bar da esquina, já que os traficantes tinham organizado uma comemoração na sede da boca sem imaginar que traficantes do Comando Vermelho apareceriam na calada da noite. Depois de renderem o olheiro e o gerente do tráfico local, os bandidos do CV partiram para o bar, onde estava sendo feita a venda de drogas.
No local, executaram um outro homem, identificado apenas como Sapão – que estaria vendendo drogas. O eletricista Sebastião Jacob de Oliveira, 39 anos, foi rendido quando estava no banheiro do estabelecimento.
Ainda segundo informações de moradores, Sebastião chegou a pegar a carteira para se identificar. No entanto, os bandidos foram mais rápidos e mataram o morador com diversos tiros de fuzil antes dele abrir a boca e explicar que não estava a serviço do tráfico local.
A Polícia investiga de onde seriam os bandidos responsáveis pelo crime. Segundo a PM, os traficantes podem pertencer ao Complexo do Salgueiro, no bairro de mesmo nome, e ao Complexo da Coruja, em Neves, já que são complexos de favelas pertencentes ao Comando Vermelho e de maior influência na região. No entanto, a origem dos assassinos não havia sido descoberta até o fechamento desta edição.
Uma das quatro granadas utilizadas pelos bandidos teve que ser detonada por policiais do Esquadrão Antibombas, na manhã de ontem.
Os moradores da localidade, apesar de assustados, disseram que a chacina já estava anunciada.
“Não é de hoje que o Comando Vermelho está tentando tomar essa favela. Eles sempre tentaram e desta vez, conseguiram deixar um enorme estrago aqui, matando inclusive um inocente”, informou um pedreiro de 50 anos.
Uma outra moradora, que vive na parte superior do bar e também preferiu não ter sua identidade revelada, contou o momento de terror que viveu quando os traficantes atiraram contra sua casa.
“Eu estava dormindo, levei um susto enorme. Eu, minha filhinha de quatro anos e meu marido ficamos abaixados no chão durante todo o tempo com medo que os disparos contra a fachada nos atingissem”, contou a dona de casa.
As investigações estão sob responsabilidade de policiais da 75ª DP (Rio do Ouro). Qualquer informação que auxilie a Polícia e ajude a identificar e localizar os criminosos pode ser repassada pelo Disque-Denúncia, através do telefone 2253-1177. Não é preciso se identificar.

sábado, 17 de abril de 2010

Tráfico de drogas engole crianças e adolescentes no Rio



Foto: Divulgação.

“Eu comecei com 13 anos e já matei cinco pessoas”. A afirmação pode parecer, à princípio, descontextualizada. Mas é inegável que ela remeta a um cenário de violência. Gustavo, mais conhecido como B.N, vive no Complexo do Alemão desde que nasceu. Aos 13 anos, passou a integrar o tráfico de drogas local. O caso integra um cenário que vai de encontro a dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP): 27,3 % das crianças e adolescentes apreendidos em todo o estado tinham envolvimento com o tráfico de drogas.

De acordo com o mais recente Dossiê da Criança e Adolescente, divulgado em 2007, pelo ISP, o tráfico de drogas e o roubo são os delitos cometidos por jovens infratores menores de 18 anos com maior número de registros no Rio de Janeiro.
Para o desembargador Siro Darlan, que ocupou por 14 anos a 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio, os casos de violência envolvendo jovens infratores trata-se de uma resposta dada ao desrespeito dos direitos da criança e do adolescente. “O ser humano reage à exclusão. Antes de entrar para o crime, muitos jovens procuram alternativas de trabalho. Eles tentam vender bala, procuram uma atividade que lhe renda o sustento. Mas com as portas fechadas, muitos acabam sendo acolhidos pelo tráfico, que oferece poder e dinheiro fácil”, explicou o desembargador.

No caso de B.N, a função do adolescente era apenas vender drogas no Complexo de favelas da Zona Norte da cidade. Depois de ganhar a confiança de seus superiores na boca de fumo local, sua juventude passou a ser mais dedicada ao tráfico - ele passou a integrar o grupo responsável pela “contenção” (segurança) do Complexo.

Hoje, com 18 anos, B.N orgulha-se de ter matado cinco pessoas. “Traficante não mata por qualquer motivo não. A gente só mata X-9, invasores da favela e PMs”, explicou.

No entanto, para Siro Darlan, as declarações do rapaz, que diz ser integrante do Comando Vermelho, não passam de uma forma de defesa. “É uma maneira de dizer que são ‘o bicho’, de impor medo e respeito ao mesmo tempo. Mas quando você vai analisar, aquele jovem não matou ninguém. É como se fossem bichos acuados que dizem que fizeram e aconteceram como estratégia de defesa, para se sentir respeitados”.