sábado, 17 de abril de 2010

Tráfico de drogas engole crianças e adolescentes no Rio



Foto: Divulgação.

“Eu comecei com 13 anos e já matei cinco pessoas”. A afirmação pode parecer, à princípio, descontextualizada. Mas é inegável que ela remeta a um cenário de violência. Gustavo, mais conhecido como B.N, vive no Complexo do Alemão desde que nasceu. Aos 13 anos, passou a integrar o tráfico de drogas local. O caso integra um cenário que vai de encontro a dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP): 27,3 % das crianças e adolescentes apreendidos em todo o estado tinham envolvimento com o tráfico de drogas.

De acordo com o mais recente Dossiê da Criança e Adolescente, divulgado em 2007, pelo ISP, o tráfico de drogas e o roubo são os delitos cometidos por jovens infratores menores de 18 anos com maior número de registros no Rio de Janeiro.
Para o desembargador Siro Darlan, que ocupou por 14 anos a 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio, os casos de violência envolvendo jovens infratores trata-se de uma resposta dada ao desrespeito dos direitos da criança e do adolescente. “O ser humano reage à exclusão. Antes de entrar para o crime, muitos jovens procuram alternativas de trabalho. Eles tentam vender bala, procuram uma atividade que lhe renda o sustento. Mas com as portas fechadas, muitos acabam sendo acolhidos pelo tráfico, que oferece poder e dinheiro fácil”, explicou o desembargador.

No caso de B.N, a função do adolescente era apenas vender drogas no Complexo de favelas da Zona Norte da cidade. Depois de ganhar a confiança de seus superiores na boca de fumo local, sua juventude passou a ser mais dedicada ao tráfico - ele passou a integrar o grupo responsável pela “contenção” (segurança) do Complexo.

Hoje, com 18 anos, B.N orgulha-se de ter matado cinco pessoas. “Traficante não mata por qualquer motivo não. A gente só mata X-9, invasores da favela e PMs”, explicou.

No entanto, para Siro Darlan, as declarações do rapaz, que diz ser integrante do Comando Vermelho, não passam de uma forma de defesa. “É uma maneira de dizer que são ‘o bicho’, de impor medo e respeito ao mesmo tempo. Mas quando você vai analisar, aquele jovem não matou ninguém. É como se fossem bichos acuados que dizem que fizeram e aconteceram como estratégia de defesa, para se sentir respeitados”.

2 comentários:

Nico disse...

Muito interessante, a tatuagem no braço é do filho?...

Maria Luisa de Melo disse...

Não, o B.N não tem filhos!